Era uma vez uma história sobre amor, uma história sobre sexo. Uma história que ainda não havia sido escrita e existia somente na mente daquelx que a escreveria... Daquelx que a viveria...
Era a história mais intensa e mais doce. Era a história mais sinestésica de todas. Uma história que, quem sabe, teria nove músicas diferentes... Uma história que teria o cheiro dos pelos e o sabor do gozo.
Essa história ainda estava adormecida quando foi encontrada. Meio inesperadamente, apareceu num dia frio e ensolarado de outono. Suas palavras ecoaram no ar, suas frases imperfeitas sussurraram baixinho naquele ouvido. Era a história de amor mais leve e intensa já contada.
Quando tentou pegar a história ela se desfez, desmanchou como castelos de areia quando a maré sobe. Teria desaparecido?
Não... não era uma história invisível, não era uma história impossível. Era apenas uma história nova, diferente de tudo o que elx já lera, escrevera, vira ou vivera. E que história era? A quem pertenciam os corpos suados daquela história? A quem pertenceriam as mãos que escreveriam aquela história?
Era uma história que existia sem pedir permissão, existia sem ter consciência de sua existência. Ela desafiava e intrigava. Ela lançava um olhar de longe, como se pedisse que alguém a lesse, e depois, novamente, desmanchava.
Elx não entendia. No início se desesperou. Como podia ela estar tão viva em sua mente e ao mesmo tempo se desmanchar nas suas mãos? Mas não havia razão para o desespero. Elx ainda aprenderia que aquela história de amor, aquela história de sexo, não precisava nem da sua mente nem de suas mãos para existir. Ela já existia antes disso tudo...
E a história parecia rir de sua ingenuidade. Mas elx descobriria...
Descobriria sobre a sinestesia que existe na cama dos amantes, descobriria sobre os olhares suados que percorrem a alma, descobriria o que se vê quando se fecha os olhos para sentir, descobriria o que se ouve no momento em que os sons parecem desaparecer, o que se sente quando o corpo colado ao seu estremece de prazer...
Elx ainda escreveria aquela história... A história que começava a existir na sua mente, a história que começava a existir antes mesmo delx haver pensado nela, a história que precisava ser contada mas que, sobretudo, precisava ser vivida. Aquela seria uma história diferente de todas as outras, porque todxs que a lessem veriam ela desmanchar diante de seus olhos, sentiriam ela desmanchar entre seus lábios, entre suas pernas, e ela desaparecia...
Mas não para sempre, porque nada é eterno. E a ausência também não pode ser. E a história estará sempre lá, esperando para ser vivida, mas sabendo que só pode existir no infinito momento que dura apenas o tempo que precede seu desmanchar...
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